Teatro Cidade Livre promove encontro para debater arte e gestão cultural
O Teatro de bolso Cidade Livre realizou, nesta sexta-feira (13), às 19h, em Aparecida de Goiânia, o Encontro: Arte e Gestão Cultural com agentes comunitários, artistas da dança, do teatro, violeiros, produtores e gestores culturais da cidade.
A iniciativa teve o objetivo de oportunizar a construção de um espaço aberto para diálogo sobre arte e gestão cultural, tomando como recorte a conjuntura do país, o histórico das políticas públicas culturais nacionais, do estado de Goiás e do município de Aparecida de Goiânia.
Na mesa do Encontro estiveram presentes a professora e coordenadora do Curso de Dança do Instituto Federal de Goiás de Aparecida de Goiânia – IFG/Ap.Gyn - Rousejanny da Silva, o artista da dança, professor da Universidade Federal de Uberlândia – UFU - e gestor cultural Alexandre Molina, o chefe do núcleo de Fomento à Arte e Cultura (Fundo de Arte e Cultural) do estado de Goiás, Sacha Witkowski.
O ator, produtor e gestor cultural da Associação Sociocultural Cidade Livre, Jefferson Lobato, mediou a mesa e ressaltou a importância do projeto de Dinamização de Espaços Culturais A Arte Pulsando no Interior (saiba mais sobre o projeto) para a democratização de acesso à cultura no estado de Goiás e para a continuidade das ações que o Teatro Cidade Livre vem desenvolvendo.
Com um breve levantamento histórico dos processos de construção das políticas públicas no país o artista da dança, professor e gestor cultural Alexandre Molina, iniciou sua exposição oral. Explanando sobre a descontinuidade das políticas de cultura e a fragilidade e quase inexistência dos marcos regulatórios para a garantia das ações continuadas no tecido da gestão cultural pública, Molina atribui a instabilidade como precursora da falta de incentivo para o campo cultural. “Em 10 anos, por exemplo, o Ministério da Cultura já teve nove ministros, entre efetivos e interinos”, afirmou.
O chefe do Núcleo de Fomento à Arte e Cultura (FAC-GO) da Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte (SEDUCE), Sacha Witkowski, ressaltou aos participantes sobre o desempenho dos investimentos que o estado de Goiás, por meio do Fundo de Arte e Cultura do Estado, vem fazendo na economia da cultura do estado. “O edital do Fundo de Cultural de 2014 foi apenas um edital que em seu texto distribuía quais segmentos culturais seriam contemplados, atualmente lançamos 18 editais por área cultural, facilitando assim o acesso e garantindo maior transparência aos processos de escolha dos premiados”, afirmou.
“Agora, na segunda quinzena de outubro, serão lançados 21 editais, correspondentes ao ano de 2017”, finalizou o chefe do Núcleo de Fomento estadual.
Criado o Curso de Dança do Instituto Federal de Goiás/Câmpus Aparecida de Goiânia a partir da organização comunitária da cidade e seus agentes culturais, a professora e coordenadora do curso Rousejanny fez um breve balanço sobre a atual circunstância em que os institutos federais estão passando, sobre como o Curso de Dança está inserido nessas circunstâncias de crise e sobre a realidade da gestão pública cultural do município de Aparecida.
“O Instituto Federal tem a formação dos seus cursos voltadas basicamente para o tecnicismo e, com isso, ter um curso de arte é bastante complicado”, comentou Rousejanny.
Com duas falas abertas aos participantes do encontro que já chegava às 21h10min, contribuições foram dadas a mesa.
Para o atual presidente da Associação Roda de Violeiros do Estado de Goiás – ROVEG, "a grande importância do encontro está em discutir as demandas da comunidade artística. Mesmo com poucos políticos de Aparecida de Goiânia interessados em participar e discutir sobre os temas da cultura, é muito interessante essa troca, inclusive para a aplicação de novas ideias aos artistas".
“Aparecida de Goiânia aderiu em 2013 o Sistema Nacional de Cultura. No documento assinado, compromissos foram firmados entre os dois entes federados. No entanto, no começo de 2017 um dos principais pactos foi rasgado por parte da Prefeitura de Aparecida de Goiânia por meio da chamada “Reforma Administrativa” que foi o de retirar de seu organograma o órgão gestor da Cultura, fica a pergunta, como criar o Sistema Municipal de Cultura nessas circunstâncias?”, indagou Pablo Lopes, produtor e pesquisador do campo da cultura a mais de cinco anos na cidade.
Jefferson Lobato reforçou aos participantes do encontro a importância de resistir nesse momento de crise que atravessamos. “Precisamos, como movimento sociocultural nos mobilizar e pedir políticas públicas culturais sérias e responsáveis para a cidade e para o nosso país”, finalizou.
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